Ela, atrasada, cruza a sala de aula carregando a enorme mochila nas costas e uma caixa de Carlton no bolso ao lado. O ar agressivo e o semblante exalava um mistério que provocava medo e encanto. Seu olhar, a roupa, a postura... Tudo realçava a sua beleza original. Ali mesmo eu antevi uma parte do que nós iríamos viver. E ainda fomos muito além.
Bom era sair pra dançar até Ela me carregar de volta pra casa. A nossa casa. Dividimos o mesmo teto! Nunca vivenciei tanto em tão pouco tempo... Mas o que eu cria durar ainda alguns anos está se mandando pra Brasília. Até ontem, eu ainda não acreditava nisso e torcia para Ela ficar. Já entendi as razões. Ela se vai mesmo. Da vida, o doce e o amargo. Sentirei falta dEla, da conversa fiada no boteco da esquina e de corrermos (como) loucos na madrugada silenciosa de Icaraí (risos). É moça, sentirei saudades. Vez ou outra ainda ouço Ela tocando guitarra no quarto dos fundos.