terça-feira, 27 de outubro de 2009

Raposa

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.....Estava no meu canto, sentado, e o pensamento dançando, voando no nada. E eis que soou um regougar que arranhou meus sentidos e sem um pingo de dó o meu doce silêncio esbanjava deleite em abocanhar.
.....Não reparei por qual brecha entrou e nem poderia imaginar que o alimento um dia ofertado tornar-se-ia em tamanha ingratidão. Uma avidez que de mim roubou a temperança que nos tempos de calma eu aqui cultivara.
.....Uma fome plantada desde a última vez em que invadira o celeiro e de minha alegria se fartara até vomitá-la em forma de fel, dispersando um azedume que apagara da mirra o perfume que enchia a casa.
.....Sua acidez ofuscou os sorrisos e corroeu os meus ouvidos. Perdida no compasso, uma surdez encobriu dos acordes as notas e a rouca voz intimidada silenciou.
.....Depois de satisfeita, fugiu em debandada, pisoteando os campos e destruindo os rebentos com a sua face mais crua. Mas amanhã certamente se derramará a chuva que brotará o renovo da terra para que mais uma vez os campos tornem a frutificar.
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11 comentários:

  1. Caraca!
    Sem palavras pow!
    O texto tá mto bom!
    Gostei do Blog! Já tô te seguindo!^^

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  2. *-* uaaaau, ADOREEEI o blog!
    O texto está muito bom, ótimas palavras!
    Foi vc quem fez?

    Beijones

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  3. Sim! Eu escrevo tudo que publico aqui...
    Obrigado! =)

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  4. Nossa. Você escreve muito beem. Devia pensar em qualquer dia mandar para uma editora.

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  5. excelente texto, parabéns pelo blog

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  6. Parabéns boas palavras sucesso

    http://midiasocialbrasil.blogspot.com

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  7. Estava caminhando pela ceara até que avistei teu blog.
    Encantada pela sua escrita e pela forma de se expressar. Parabéns.

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  8. Simplesmente perfeito!
    "Mas amanhã certamente se derramará a chuva que brotará o renovo da terra para que mais uma vez os campos tornem a frutificar."
    Que venha, novamente, o novo, a esperança.

    Grande beijo

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  9. A vida tá muito embolada! Preciso de tempo pra deixar as idéias poéticas fluirem...

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